quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Violência Transgênica

As relações sociais parecem evoluir à medida que são cercadas por novas tecnologias. No século XIX, quando do estágio primitivo do equipário possibilitado pelas Primeira e Segunda Revoluções Industriais, as relações sociais eram rigidamente pautadas pelo autoritarismo patriarcal e a submissão feminina – situação que fomentava a persistência da violência contra a mulher. Já no século XX, quando da ascensão de um logiciário progressivamente melhor desenvolvido, as relações sociais passaram a ser baseadas na meritocracia trazida por avanços nos conhecimentos humano e científico. E agora, no século XXI, quando da popularização das mídias sociais em meios virtuais, as relações sociais passaram a se fundamentar em caracteres que vão desde a exposição excessiva em busca de mais e mais amigos de rede – sem que estes representem, necessariamente, uma amizade real – à criatividade para captação de atenção, cenário esse que possibilitou o surgimento da mais recente categoria de via contra o pudor: a violência cibernética, comumente designada cyber-bullying.


A primazia dos meios comunicativos, possibilitada pela liberdade cedida a quaisquer tipos de imprensa e mídia – entre eles, a internet e suas mídias sociais –, requer um perfil comportamental por parte de seus usuários, que devem reconhecer os benefícios e malefícios possíveis através da utilização. Entretanto, é exatamente esse perfil comportamental que parece ser ignorado pela maioria dos usuários de internet, que, deliberadamente, expõem-se à grandeza dessa mídia e, pois, à vastidão de pessoas interessadas em um possível mau-uso de tais informações – o que engloba a ridicularização, deboche, montagem fotográfica indevida etc. Consequentemente, o vitimado vê-se encurralado e ameaçado psicologicamente e, pois, suscetível a enfermidades afins, como a depressão e transtorno bipolar – fato por si só agravante, pela natureza da situação –, caracterizando a violência cibernética como tão grave, senão a mais grave.

Conclui-se, portanto, que a evolução das tecnologias é acompanhada da evolução das relações sociais e também das formas de violência, que, no atual cenário, refere-se majoritariamente à violência cibernética. A forma de fixação da violência cibernética, no entanto, parece ter tido poucos similares na Humanidade, haja vista que seu foco agravante são aspectos psicológicos, o que exige, para sua erradicação, a existência de um perfil comportamental de usuário, baseado na maior privacidade e no menor envolvimento em mídias sociais. Para tanto, faz-se necessário o bom-senso, outrora em outras esferas, mas agora em internet.
Por Hugo Eduardo Azevedo Fialho.

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