terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sonata Eufórica

Todos os Santos, ouçam-me!

Os príncipes de Guadalajara,
As condessas de Tegucigalpa,
Os caçadores de Manila,
Os cossacos de Kamchatski,
Os kaisers de Hanôver,
Os combatentes da Calábria,
As valquírias de Reiquejavique,
As flecheiras de Luanda,
Os faraós de El-Aziz,
Imperadores de Xangai,
Os mestres de Nagoya,
Os cavaleiros de Durban,
Os excelsos de Copenhague,
Os prudentes de Adelaide,
Os vistosos de Zagreb,
Os justos de Québec,
Os celestiais da Galácia,
Os reis de Tessalônica,
Os fortes de Cafarnaum,
Os sábios de Betsaida,
Os sacerdotes de Laodiceia.

Ouço a voz do amanhã, chamando os convocados!
A hora é de lutar contra a ganância de Jerusalém!
Objetos de ouro serão erguidos, os astecas já se prepararam!
Nosso inimigo já vem, corram e vejam: aqui está ele.

Tendo todos visado o além, um campo se mostrou a eles.
O local de calmaria, recheado de vida, pai dos elísios.
Pássaros cantam livres, sem entender seu voar.
Cenário de pura tranquilidade.

Os príncipes e kaisers se impressionaram. Os faraós estão como os montes de Sião.
Nada se via com olhos melancólicos.
A verdadeira euforia tomou-lhes os corações,
Ao encontrar o lugar de seus mais inimagináveis sonhos de grandeza.

Finalmente era encontrada a bela sonata do infinito.
As paixões e vaidades eram nulas, o interesse maior
Consumia-lhes os corpos como a noite infindável de orgasmos num êxtase insaciável de prazer.
Lágrimas compunham a sinfonia de alegria.
Um não houve sem a impressão de cavalgar o Éden
Acompanhado de Serafins e cantores de vozes no apogeu da diferença entre o real e o transcendental.

Em meio há seus sonhos de Valíala, os escolhidos percebem seu colosso desabar.
A paz e a tranquilidade tornam-se a escuridão
Dos mais maléficos e negros sentimentos de um
Ser humano, esta capaz de fazer Hades tremer.

Todos entram em pane, num estado de choque.
Não compreendiam a razão de sua torpe existência.
Mal podiam crer em sua percepção sinestésica,
Calcadas num palácio de cristal, vindo a ruir com as
Densas trevas, pesadelos de crianças.

Entre prantos e crises emocionais, a voz ecoou:
– Por que chorais, nobres creadores?
Apenas colheis o que plantastes.
Esta treva que lhes propõe a impotência, apenas e resultado de vossos atos sem medida.

Olhastes o que lhes agradava. Os portões celestiais
Retratavam a gloria sacrossanta.
Teus olhos se encheram, contudo não fizestes nada.
Tinham poderes para, com a devida decisão, manter a angelical coroa em suas cabeças.
Como podem ser tão ingênuos: Oh escolhidos guerreiros!
Tua limitada visão e o que lhes abdica a posição de reis
Levantem-se! Honrem teus súditos, reinos, virgens, crianças, damas.
Mostrem tua força, sejam os verdadeiros governadores desta terra livre!
Por Alexander Amaya Castillo Caldas Motta.

Palmada Nunca Mais?

A educação está de forma inerente ao meio familiar sendo o homem fruto de seu próprio meio, mas até onde estamos aptos a educar nossos filhos? Até onde podemos interferir na liberdade de cada um deles?

São várias as controvérsias a respeito do assunto decorrente da nova lei proposta pelo Congresso Nacional, de um lado pais aprovam a diplomacia pacífica com as crianças afirmando que a violência não é o caminho. De certo, “violência gera violência”, sendo um meio inapropriado quando esta causa algum dano físico ou moral permanente. Não raros são os casos de crianças maltratadas em domicílio, sofrendo todo tipo de atrocidade que tornam as ações do poder público justificáveis, além dos futuros jovens que se tornam reflexo de uma infância marcada pela violência.

Por outro lado, outros dizem que algumas “palmadinhas” fazem parte do processo pedagógico de todo jovem sendo apenas uma forma de reafirmar a autoridade de decisão dos pais. A educação é o histórico de cada lar, é a identidade de cada um, sendo controverso o órgão público intervir de tal maneira no processo de formação do cidadão, ainda há a questão de não aprovação da maioria populacional – 54% dos pais dizem não concordar – tornando uma barreira para que a lei entre em vigor, além da dificuldade no processo de fiscalização da lei.

Não intervindo nos direitos de cidadania de sua prole, sendo rígida ou de maneira liberal, cada pai está apto em participar na construção da educação de seu filho, afinal, incontestavelmente, a educação começa dentro de cada lar.
Por Thaisa C. M. Martins.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Metamorfoses do Ser e Ter

Diante da sociedade multifacetária que na qual se constitui atualmente a brasileira, há enésimas formas de ser e ter - pode-se portar-se à qualquer maneira, pode-se vestir-se com o que quer que seja pretendido e, ainda, pode-se comprar o quanto possível que esteja sob vendagem. São essas escolhas que delineiam a personalidade do indivíduo e, como tal, uma série de caracterizações a serem atribuídas ao mesmo indivíduo como sua marca inerente. Entretanto, no imenso espaço amostral citado também há a possibilidade de somente parecer, isto é, ser e ter como marcas inerentes constantemente mutáveis, haja vista a sua suscetibilidade aos anseios externos quanto às suas personalidades - são estes os alienados, imensamente constituídos por jovens, exatemente por sua condição de jovens.

A juventude - fase intercalada por duas outras essencialmente opostas, que são a infância e a fase adulta - compreende uma fase transitóriana qual é recorrente o apelo a diversos meios como forma de obtenção da tão almejada marca inerente, sendo necessária, para tanto, a inconstância da adoção das intermináveis possibilidades de ser e ter. Dessa forma, o jovem busca e almeja várias possiblidades, mas acaba por expor-se aos anseios essencialmente alheios, que ou põe em xeque seus conceitos imaturos ou lhe imprimem a necessidade pela busca de algo que o faça mais notável que outros sob mesma possiblidade de ser e ter, relegando à segunda página a satisfação do seu ego - em verdade, um conselho familiar, uma propaganda ou mesmo uma imatura análise do panorama ao seu redor podem desencadear o processo no jovem. Como jovem e, pois, geralmente vulnerável, mas em busca de sua marca inerente, há uma aquisição de ser e ter alheio, que o faz parecer - a partir daí, está sob a condição de alienado.

Em síntese, em obediência à Lei do Caos, é comum a muitos jovens a constante busca do ser e ter, acarretando-os inconstância em sua marca inerente. Entretanto, quando da aquisição de caracteres alheios aos seus, o jovem passa a perecer, relegando-se à categoria dos alienados. Com o propósito de evitar tal situação, faz-se necessária a agudez do senso crítico, medida aparentemente simples mas muitas vezes ausente nos jovens.
Por Hugo Eduardo Azevedo Fialho.

Sobre Flores e Pragas

Diante do recente cenário econômico recheado de pressões políticas para com os rumos da floresta amazônica, o governo federal acabou por agilizar o processo de aprovação de muitas medidas contra o desflorestamento, entre elas a de premiar moral e economicamente aqueles que para isso cooperem, através de empréstimos internacionais. Superficialmente analisada, tal medida denuncia apenas consequências positivas - realmente este parece ser o melhor caminho: confiar e, pois, entrelaçar os fazendeiros da região amazônica à sua conservação. Entretanto, uma análise mais profunda traz à tona, além daqueles positivos, uma série de consequência negativas - entre elas, o endividamento.

Os aspectos positivos decorrentes evidenciam a validade da medida, haja visto o fato de que as premiações moral e econômica do fazendeiro amazônico que coopere com a preservação daquele bioma o envolvem numa esfera de confiança mútua da qual não é tão simples safar-se; estimula, também, possíveis denúncias sobre desflorestamento na região - enfim, tranforma o fazendeiro amazônico num cidadão engajado, situação que passa a ser almejada como status.

Entretanto, à medida que os beneficiados veem suas cifras aumentar, há o arrombo dos cofres públicos, endossamento dos já citados créditos internacionais e, por fim, o endividamento do País; como se não bastasse tamanho prejudício, há mais outros decorrentes a longo prazo, como o aumento da carga tributária e da taxa de juros como forma de sanar tais empréstimos e, ainda, aumento em níveis inflacionários. Logo, consolida-se a dubiedade trazida pela medida, que trará mais resultados positivos que negativos somente se exercida com parcimônia.

Portanto, o apetite voraz do Poder Legislativo brasileiro para corresponder às pressões várias para com a floresta amazônica acabou por levá-lo à aprovação de uma série de medidas dúbias - entre elas, a premiação por combate ao desflorestamento. Ao passo que promovem uma série de bons resultados, também permitem a ascendência de uma série de negativos, que neutralizam aqueles. A solução - uma vez já aprovada - é a parcimônia.
Por Hugo Eduardo Azevedo Fialho.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Do Cosmo ao Caos

A corrupção dos valores morais na Idade Contemporânea parece conduzir a Humanidade a níveis de relação social tão primitivos quanto aqueles vinculados à Pré-História, haja vista a desconsideração dos princípios que regulamentam a ordem estabelecida nos princípios éticos e na boa educação. Essa nova situação moral, tão bem retratada na literatura mundial – como em Capitães da Areia, onde uma corja jovial de nome homônimo desconsidera quaisquer valores, embora como conseqüência daquela realidade desgastante – só o é por ser uma realidade progressivamente mais presente: filhos matando os pais por motivos banais – como o caso Suzane von Richthofen –, autoridades apoderando-se do erário em benefício próprio, assassinos mais e mais cruéis. Diante desse quadro, faz-se necessário, pois, a revisão da estruturação de nossos valores morais no intuito de desvendar os motivos de tanta desmoralização.

Conforme afirma o filósofo francês Jean-Jacques Rousseau, o homem parece nascer puro e sua corrupção dá-se apenas na sociedade; a partir desse prisma, podemos compreender que a sociedade da Idade Contemporânea está seguindo seu curso natural, haja vista sempre haver os moralmente aceitáveis e inaceitáveis, mas cabendo àqueles uma maior parcela na população, o que neutralizaria as corrupções destes. Entretanto, nessa nova situação moral, os corruptos não somente estão mais presentes, como também mais corruptos, haja vista as crueldades tão vistas na imprensa livre – isso em decorrência das até agora deficitárias ações do Estado e da iniciativa privada, além do próprio famigerado seio familiar. Dessa forma, o equilíbrio social já estaria na iminência de desestabilização, sendo necessária determinada intervenção exatamente nos setores responsáveis, tanto em nível estatal – como o fornecimento de condições mínimas ao bem-estar de seus habitantes, além do cumprimento de seu código penal e sistema judiciário –, como em nível de livre iniciativa – como empresas empregadoras de mão-de-obra e organizações não-governamentais.

Em suma, a sociedade contemporânea, ao passo que se vê diante de tantos avanços nas mais importantes áreas, vê-se também desolada moralmente, haja vista a maior presença dos corruptos em sua composição. Os casos de manifestação dessa corrupção colocam a sociedade diante do temor – algo compreensível quando se nota a veiculação na imprensa de casos tão cruéis e desmoralizantes, além de banais. Entretanto, medidas simples são capazes de dissolver a desmoralização do sociedade contemporânea, como os devidos investimentos estatais em setores estratégicos – como educação e saúde – agregados à livre iniciativa – fornecedora de empregos e, pois, da possibilidade de ascensão socioeconômica tão pretendida.
Por Hugo Eduardo Azevedo Fialho.